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CAPÍTULO 1

  • Foto do escritor: hendrica fernandes
    hendrica fernandes
  • 28 de nov. de 2016
  • 12 min de leitura

Pov – Nick

─Simon, Ellen enviou as anotações do Ulisses? A reunião começa em uma hora e nem passei os olhos pelo material. – Pergunto a Simon meu assistente e amigo, quando ele invade minha sala sem bater.

─Acabei de passar pela mesa dela. Ellen está enviando por e-mail. Não era o Ulisses que tinha que estar nessa reunião?

Simon se acomoda na cadeira em frente à mesa, suspiro erguendo os olhos das planilhas que estudo.

─Sophia quebrou o braço na viagem, eles foram para Kirus. – A pequena e paradisíaca ilha grega onde meu irmão mais velho mora e onde todos nós, os quatro irmãos Stefanos nascemos. Só Leon o mais velho vive lá agora com a esposa Lissa e os dois filhos, mas é para lá que sempre vamos quando queremos reunir a família. – Ele pediu para cobri-lo.

─Você está sempre fazendo isso. Assumindo tudo. Não fica esgotado?

─Simon eu devo muito aos meus irmãos, e além disso gosto do meu trabalho.

─Não é seu trabalho. Você é advogado, sei que odeia essas reuniões com os executivos. Isso é trabalho dos seus irmãos. E sei de tudo. Acho que eles não pensam que deve nada a eles.

─Leon está em Kirus, não poderia vir a Nova York substituir Ulisses, Heitor mora em Londres, não pode deixar tudo e correr para cá, então eu faço o que é preciso, sabe que não me importo. – Ignoro sua opinião sobre mim.

─Ok. Eu vou para minha sala, se precisar estou lá. Vim mesmo trazer isso, precisa assinar esses papéis ainda hoje.

─Depois da reunião olho isso. – Simon se ergue e caminha para a porta.

─Ah! Comecei a montar sua agenda para aquela viagem, comecei com Palermo, depois Turquia, acha que Ulisses volta logo da Grécia?

─Pelo que entendi sim. Isso é só uma emergência, se ele não fosse mostrar a todos que Sophia está bem a família entraria em colapso, não vai afetar minha agenda. Continue os preparativos.

─Certo, boa reunião. – Simon deixa a sala e fico sozinho. Simon é um bom amigo, o único na verdade, desde os tempos de Harvard, fiquei feliz de ter aceito ser meu assistente quando nos formamos e a parceria vem dando certo nos últimos anos. Não é fácil trabalhar para os Stefanos, temos negócios pelo mundo afora e trabalho é o que não falta. Principalmente depois de todos os traidores terem se casado e procriado, agora como único e solitário solteiro eu tenho que além de fazer meu trabalho cobrir todos eles.

Isso inclui viajar mais do que gostaria, mas nunca recusaria nada a eles, nunca diria não. Meus três irmãos fizeram muito por mim, muito mais do que imaginam.

Me recosto na cadeira e a mente viaja um pouco para o passado. Tudo é nebuloso, não tenho lembranças de quando minha mãe deixou meu pai, eu tinha dois anos, não me lembro de termos deixado Kirus expulsos pelo amante dela e nem de termos chegado aqui sem saber falar a língua com um pai alcoólatra.

Essas coisas eu sei por que eles me contaram, um bebê de dois anos não sabe de nada. Nem mesmo sei se senti falta deles quando uns meses depois meu pai sem ser capaz de me criar me entregou a um abrigo. O que sei é que eles cresceram e nunca desistiram de mim, me caçaram até me encontrarem com dezesseis anos e me salvarem do inferno que eles não sabem que vivi.

Já fizeram tanto por mim que nunca vou contar as coisas que passei, enche-los de culpa e pena não muda o passado. O que importa para eles é que me tiraram de lá, me encheram de oportunidades. Agarrei todas elas com unhas e dentes, fui para Harvard, me formei em primeiro lugar com louvor, assumi meu lugar nos negócios da família e todos os dias trabalho mais do que qualquer um.

Quando cheguei eles já eram ricos, não precisavam ter dividido comigo cada centavo como fizeram, mas eles fizeram isso e pago com meu esforço. Os irmãos Stefanos nunca vão se arrepender de terem me salvado.

Não é fácil me reunir com a família, com aquele monte de crianças correndo e me lembrando o passado, se posso fugir disso eu fujo, mesmo que eles não entendam muito bem. Amo toda essa enorme família que tenho, com cunhadas e sobrinhos, apenas não sou como eles, gosto de me isolar, não me encaixo como os outros. Me esforço, mas as vezes preciso me esconder um pouco de tudo para não abrir as feridas.

Suspiro, balanço a cabeça quando o passado começa a me dominar e as lembranças perigosas querem surgir. Reúno os documentos e sigo para minha reunião.

É claro que demora muito mais do que o planejado, é noite quando volto para minha sala com mais uma pilha de coisas para fazer. Simon entra junto comigo.

─Vai ficar até mais tarde pelo visto. – Ele diz olhando minha mesa repleta de coisas pela metade.

─Vou. Nada de drinks no final do expediente hoje.

─Tudo bem. Você nunca foi bom nessa coisa de aproveitar a vida.

─Você podia ser um Stefanos de tanto que se mete na minha vida. – Resmungo com ele que ri despreocupado e se senta.

─Sua governanta ligou.

─A senhora Kalais? – Encaro Simon, ela nunca liga, a mulher morre antes de me incomodar, vive na mesma casa que eu e posso passar dias sem notar sua existência de tão discreta que é. – O que ela queria?

─Disse que vai espera-lo hoje, tem um assunto importante.

─Problemas aposto.

─Acho engraçado como ela é formal, podia só espera-lo e conversar, mas ela liga para avisar. Nem parece aquele povo divertido que trabalha na casa do seu irmão Leon.

─Ela é mesmo muito formal, gosto muito disso, meu apartamento é meu santuário. Gosto do silencio e da solidão que só encontro lá, mas de fato ela exagera.

─Ah! Sua cunhada ligou. Quer saber se vai para Kirus no fim de semana, disse que todos estão lá.

─Lissa? – Pergunto e ele afirma. – Eles esquecem que entre esse prédio e a ilha de Kirus tem um oceano, se me querem perto toda hora porque não se mudam para o outro lado do Central Park?

─Aí sim você reclamaria. ─ Um arrepio percorre meu corpo, nunca mais teria um dia de paz.

─Provavelmente. Eu ligo antes de ir embora e aviso que não vou.

─Nesse caso acho que acabamos por hoje.

─Pode ir Simon, antes de ir deixo esses papéis assinados na sua mesa. De manhã vou estar na associação.

─Obrigado. Te vejo amanhã. Se precisar de qualquer coisa na associação me avisa.

─Você trabalha para a empresa Simon, não tem que fazer isso e sabe que não vou pedir.

─Você é tão certinho que irrita. Fico me lembrando de quando queria copiar seus trabalhos e não deixava. Cara chato. Não quero ganhar nada para te ajudar na associação, também posso fazer trabalho voluntário as vezes.

─Sabe onde fica. É só ir lá e se oferecer para ajudar. Tem sempre alguém precisando.

─Qualquer dia faço isso. Tenho que ir, marquei uns drinks com duas gatas, mas claro que vai me deixar na mão, isso é bem ruim, vou chegar lá sem o último Sefanos solteiro e vou me dar mal. Que adianta ter um amigo milionário se não serve nem para me ajudar a pegar mulher?

─Você é patético!

─Tchau.

Fico sozinho, quase todo dia sou o último a deixar o edifício, meu dia é sempre curto perto de tudo que tenho que fazer.

Pego os papéis que tenho que assinar para ler. Levo mais meia hora para assinar tudo então é hora de ligar para kirus, suspiro resignado. Sei exatamente o que vai acontecer, o telefone vai passar de mão em mão até todo mundo me dizer qualquer coisa que não pode esperar.

A família está toda lá, mas o primeiro número que ligo é o de Leon, sempre faço isso, nem me dou conta.

─Nick!

─Oi Leon.

─Não vem? – Ele pergunta sem rodeios, é a segunda vez que desmarco meu encontro com eles, logo vão organizar uma excursão para me ver.

─Não. Muito trabalho.

─Ainda está no escritório? Não são quase nove da noite? – Ele reclama, é muito trabalho, mal sabe ele que continuo em casa.

─Acabei, só parei para telefonar e já vou para casa.

─Por que não pega um voo para cá? O jato está em Atenas, mas pode vir num voo doméstico.

─Leon eu não posso, sabe que estou me organizando para fazer aquela viagem, saber como as coisas estão na Itália, se Mark está lidando bem com a nova função, Ziar me espera na Turquia. Prometo que no fim da viagem vou encontrar vocês e fico uns dias.

─Uns dias? Duvido. Lissa quer falar com você.

─Tudo bem. Tchau.

─Tchau. Se cuida. – Escuto ele avisar Lissa que não vou, um bando de vozes por trás dele e sei que a fila de gente querendo falar comigo vai ser grande.

─Nick está todo mundo com saudade.

─Eu sei Lissa. Muito trabalho.

─Os gêmeos perguntaram por você.

─Mande um beijo para eles. – A última vez que estive na ilha foi no aniversário de cinco anos de Alana e Luka.

─Ariana mandou preparar torta de chocolate para você.

─Que pena que agora vai ter que comer tudo sozinha. – Brinco e ela ri. – Quanto sofrimento.

─Sozinha nada. Lizzie está aqui.

─Chegou todo mundo?

─Sim. Menos você. Para de fugir de nós.

─Sophia está bem?

─Ótima. Ulisses disse que volta na segunda-feira.

─Certo eu tenho que....

─Lizzie quer falar com você. – Ela me corta quando tento me despedir. Lá vem a garotinha de voz delicada. Acho que Lizzie é a única capaz de me fazer pegar um avião para Kirus.

─Tio Nick.

─Oi Lizzie. Tudo bem?

─Tio você não veio. – Que grande constatação. Ela tem dez anos, não se pode esperar demais.

─Não. Sinto muito Lizzie, tenho que trabalhar.

─Eu sei tio.

─Como estão as coisas? E seus irmãos dando muito trabalho?

─Harry está bem bonzinho como sempre, mas tenho que ficar andando atrás dele toda hora. Emma está um bebê lindo tio, e todo mundo está respeitando os contratos.

─Que bom.

─Quando vamos a Disney de novo?

─Já fomos esse ano Lizzie, agora só ano que vem. – Todo ano pego Lizzie e vamos juntos a Disney, é divertido, uma semana eu e ela. Depois a devolvo para os pais. Tem qualquer coisa em Lizzie que me lembra ela e isso nos aproximou desde sempre.

─Você vem para meu aniversário?

─Claro Lizzie. Estarei aí.

─Meu pai quer falar com você. Tchau tio.

─Tchau Lizzie. Estuda bastante se não nada de Disney. Da um beijo em seus irmãos.

─Tá bom. – Ela passa para Heitor.

─Nick?

─Oi Heitor. Tudo bem por aí? Pensando em plantar mais arvores?

─Falta mais um. Mas temos que esperar Emma completar ao menos um ano para retomarmos o projeto bebês.

─Nem preciso lembra-lo dos recursos naturais não renováveis, não é?

─Não me deixa esquecer. Escuta, essa sua viagem não vai atrapalhar o aniversário da Lizzie. Vai? Sabe que sem você aqui ela ficaria arrasada.

─Tem dois meses até lá. Vai dar tempo.

─Só queria te lembrar disso.

─Recado dado. Fala para o Ulisses que foi uma reunião bem difícil e mandei tudo para ele por e-mail, manda ele dar uma olhada e por favor, me livra de falar com o resto da fila.

─Tudo bem. Seja rápido, desligue enquanto é tempo. Boa semana.

─Obrigado. – Desligo o telefone feliz por ter feito o mais difícil.

Recolho alguns papéis, pego minha pasta e passo na sala de Simon para deixar o que me pediu. Depois pego o elevador privativo. O saguão está vazio, todos os funcionários já foram. O segurança acena um boa noite quando passo pela porta de vidro e deixo o edifício.

São três quarteirões até minha casa e em dias que fico apenas no escritório faço o percurso a pé. Gosto de assistir a cidade vibrando, gente indo e vindo de todos os lugares para todos os lugares.

─Boa noite Ted. – Cumprimento o porteiro quando aperto o botão do elevador. Ele balança a cabeça em resposta. Normalmente é o porteiro da manhã, John é o da noite. Devem ter trocado. Ted é carrancudo e silencioso, John fala sem parar e preciso correr dele ou tenho que ouvir todo tipo de histórias.

A porta do elevador se abre no hall da minha cobertura. Adoro o silencio de estar em casa, escuto os passos da senhora Kalais assim que chego a sala. Ela surge vinda da cozinha com seu ar austero e cabelos brancos presos num coque.

─Boa noite senhor Stefanos.

─Boa noite. Precisava falar comigo?

─Sim. Desculpe incomoda-lo, mas é importante.

─Algo errado? Precisa de alguma coisa?

─Minha irmã em Kirus, ela está doente.

─Sinto muito. É sério? Quer traze-la para cá? Sabe que pode recebe-la aqui e cuidar dela com os melhores médicos.

─Obrigada senhor. Sei que é muito generoso, não é necessário. Minha irmã está muito idosa, seria uma viagem difícil, na verdade o que preciso é cuidar dela por um tempo. Tenho que me afastar por dois meses.

─Entendo.

─O senhor pode ficar à vontade para me demitir se achar que é melhor.

─Que ideia! Claro que não. Está comigo desde que cheguei aqui. É uma boa funcionária, não vou demiti-la. Pode ir sem medo.

─Obrigada senhor. Eu tomei a liberdade de conversar com algumas pessoas para conseguir uma substituta. Sei que o senhor trabalha demais e precisa manter esse apartamento em ordem. – Ela é tão séria que quase sinto medo dela. – Consegui uma pessoa de confiança para ficar no meu lugar.

─Que bom. Ela sabe que é temporário?

─Sim. Eu deixei claro isso. Preciso partir em dois dias, por isso me adiantei. É muito difícil encontrar pessoas de confiança.

─Fez bem.

─Mas tem um problema, ela é jovem, tem vinte e três anos. – Jovem demais, não gosto nada disso, pensei numa senhora como ela, séria, não numa garota pouco mais jovem que eu.

─Não gosto nada da ideia senhora kalais.

─Imaginei que não gostaria, mas nesse caso acho que o senhor terá que encontrar alguém pessoalmente e ensinar o trabalho. Realmente não posso ficar mais que dois dias para ensinar a jovem o serviço da casa e como o senhor gosta de suas coisas.

Suspiro resignado. Não tenho tempo nem paciência para isso. A senhora Kalais foi recrutada por Lissa quando meu apartamento ficou pronto, logo ela entendeu como eu sou e nos acertamos bem. Eu perder tempo contratando e treinando alguém não está em meus planos.

─Fico preocupada, por que sei que não é fácil achar alguém de confiança.

Realmente isso é um problema, tenho coisas importantes aqui. Espionagem industrial e venda de informações não são coisas de filme no meu trabalho. Ando pela sala pensativo. Não é o pior dos mundos, dois meses apenas. O que pode dar errado? Posso me adaptar.

─Pode mandar a moça vir. Treine e depois pode viajar tranquila, quando estiver pronta seu emprego a espera. Precisa de dinheiro?

─Não senhor, não consigo nem mesmo gastar tudo que o senhor me paga.

─Tudo bem. Vou pedir a Lissa para ir ver sua irmã, qualquer coisa que precise quando chegar lá procure por ela e o Simon vai providenciar sua passagem.

─Obrigada senhor Stefanos, sua família não tem igual.

─Bobagem.

─Sirvo o jantar em meia hora?

─Perfeito. Vou subir.

Depois do banho e de jantar sozinho como todos os dias me sento no escritório. Se for capaz de ser bem honesto não precisava abrir a pasta, o computador e continuar trabalhando, mas faço isso.

Trabalhar espanta a solidão que me imponho e o tédio. Além disso afasta pensamentos. Mergulho no trabalho até depois da meia noite. Então decido que é hora de dormir.

Encaro a parede de vidro com vista para as luzes de Nova York. Talvez tenha sido essa vista panorâmica me fez decidir por esse lugar. Não importa que digam que é gigantesco, que um cara sozinho não precisa de um apartamento de três andares com tantos quartos e salas.

Eu gosto, sei como é estar fechado num cubículo sem ar, escuro e sujo. Todo o lado norte do apartamento é fechado por paredes de vidro do chão ao teto, tenho luz dia e noite. Tudo é claro, os móveis, as paredes, foi minha única exigência aos decoradores. Espaço e claridade, o resto não importa, não sei se gosto ou odeio, é só um lugar e acho que nesses anos que moro aqui nem decorei muito a ordem das coisas. Tenho luz. Isso é tudo.

Não resolveu muito. A escuridão claustrofóbica está dentro de mim e não fora.

Minha mente salta para o passado sem que possa evitar, quando me dou conta estou de novo andando por aquele lugar sujo, abandonado e barulhento. Tem sempre alguém chorando, tem sempre alguém mancando, tem sempre barulho de violência.

Abrigo infantil Saint Peter. Que grande ironia o inferno ter nome de santo. Aquele maldito buraco que costumavam chamar de quarto da disciplina me domina a mente com seu cheiro de podre, sem luz, úmido e visitado por ratos.

O rosto infantil de olhos azuis assustados surge em minha mente e me arranca um quase sorriso. Não tem meios de lembrar seu nome. Sempre foi gatinha. Apenas isso.

Aquela garotinha assustada de voz suave foi meu porto seguro durante boa parte do meu tempo no inferno. Lembrava um gatinho manhoso e cuidar dela me mantinha respirando.

Agora se foi para sempre, no dia que deixei aquele lugar perdi a única coisa que me importava. Ninguém que viveu naquele inferno sobreviveu muito do lado de fora. Eu tive sorte de ter família e dinheiro, mas o resto só tinha um caminho. O submundo, drogas, prostituição, crime.

Ajudei tantos depois que me formei e pude assumir meu dinheiro e meu lugar na empresa. Não ela. Minha gatinha já tinha deixado o inferno e sabe Deus onde se enfiou todos esses anos, se sobreviveu.

─Dormir Nick. Para de ruminar o passado. – Balanço a cabeça afastando as recordações. Deixo o escritório e subo para o quarto. Tiro a camiseta e me deito com o velho moletom. Acendo o abajur, mais uma marca do passado. Não durmo no escuro.

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