Capítulo 33
- Lizzy Buzz
- 18 de abr. de 2017
- 8 min de leitura

Acordei renovada e me sentindo uma nova mulher. Meu corpo estava relaxado e minha mente tranquila, parecia que isso estava me afligindo há um tempo e eu nem tinha percebido. Levantei da cama e encarei o espelho com um único propósito: a partir de hoje não irei mais sofrer. Tinha assumido meu problema e, agora, iria me curar dele. Não seria mais Mia idiota e abestada complacente com tudo, agora eu era Mia Hunt atrevida e não abaixaria minha cabeça por qualquer par de olhos verdes que levantasse a voz comigo. Eu tinha a perder com tudo isso, mas ele tinha muito mais. Já pensou no escândalo que seria quando soubessem que ele comprou uma noiva? Nem posso imaginar... Tomei banho e depois fui tomar meu café. Passei a manhã na cozinha com Maria e preparei uma sobremesa de morango. No almoço forcei Judith a comer comigo e ela me elogiou muito pela sobremesa. -Posso falar uma coisa? - Judith falou enquanto estávamos sentadas na sala. -Claro, até duas - sorri de lado e pensei que ela era uma ótima companhia. -Menino Liam é uma boa pessoa. Fiquei parada olhando pro nada tentando entender porque ela estava me dizendo isso. Judith nunca falou mais que a formalidade comigo e achei estranho de sua parte esse comentário. -Por que está me dizendo isso? - voltei meu olhar pra ela e a vi ficar vermelha. -Senti necessidade em falar. - deu de ombros e se levantou do sofá ajeitando a saia - Estou indo, menina - beijou minha cabeça e foi em direção a cozinha. Judith nunca tinha me tratado daquela forma, porque isso aconteceu agora? Menina? Lembrei da minha avó que me chamava de menina... que saudade. Estava no sofá pensando em algo pra fazer quando recebi uma mensagem de Lucca. 15:45 Lucca "Está ai?" 15:55 Mia "Como você está?" 15:55 Lucca "Posso dizer péssimo?" Fiquei chateada pela resposta, ele estava péssimo porque me beijou? Foi tão ruim assim? Ele tinha feito isso pra que se iria ficar péssimo? Acho que sentindo que não iria responder Lucca me ligou. -Oi - falei tentando mostrar indiferença pela sua resposta. -Acho que entendeu errado - ouvi sua respiração pesada - sou amigo de Liam há tanto tempo... -Entendo - não tinha o que dizer. -Queria muito conversar contigo. -Estou ouvindo - droga, porque eu estava chateada? -Eu... - esperou alguns segundo e concluiu - amanhã passo ai, ok? Quando Liam tiver na empresa. -Tudo bem, Lucca - olhei para os lados procurando alguma coisa para fazer quando encerrasse a ligação. -Te cuida, flor - falou por fim e apenas desliguei. Eu não sabia o que tinha acontecido comigo. Saber que Lucca tinha se arrependido foi um pouco doloroso de saber. Ele tinha traído a confiança de Liam, talvez perdesse o emprego... mas, nossa, eu estava triste por causa disso. Minha solidão estava tomando conta da minha cabeça, que pensamento mesquinho foi esse que acabei de ter? Balancei a cabeça para deixar o pensamento ir embora e fui arrumar algo para fazer. Quando deu 17 horas parei em uma porta do segundo andar e abri. Ela tinha uma escada que dava para o sótão. -O que está fazendo? - Judith se aproximou e ficou me encarando. -Acredita que nunca tinha aberto essa porta? - falei fascinada por conhecer um novo canto na casa. -Melhor não subir, senhor Liam não gosta que entrem ai. -Se não gostasse a porta estaria trancada - retruquei e comecei a subir as escadas escutando apenas múrmuros da governanta. O lugar estava cheio de panos e fiquei assustada com a quantidade de poeira que ali tinha. Um piano chamou minha atenção e fui ao seu encontro. A cor marrom escuro não disfarçava o tempo que ele possuía, passei a mão sentindo a poeira e li uma frase gravada na parte lateral direita dele: "Para embalar os sonhos do meu pequeninho e aflorar a essência da minha amada". Quem era a amada? Quem era o pequeninho? Passei os olhos pelo quarto e descobri telas, pinceis, uma cadeira velha, um sofá desgastada, um jarro pintado pela metade e uma caixa. Ela estava em cima de uma mesa pelo canto e era metade coberta por um pano. Passei os dedos afastando a poeira e consegui ler a dedicatória que lá tinha: "para meu amor, minha paixão". Continha um cadeado e a palavra Julie estava gravada. Peguei a pequena caixinha e decidi descer para sair daquela poeira. Tomei um banho e guardei meu novo segredo escondido no guarda-roupa para depois desvenda-lo. Quando deu 20 horas Liam chegou. Ele passou por mim sem me notar e subiu para seu quarto. Fiquei jantando na mesa da sala calada esperando para começar a botar em prática o plano que tinha feito. Depois de jantar subi para a salinha dos quartinhos e pensei em alguma forma de chamar sua atenção. Coloquei a teve no máximo e esperei para abrisse a porta. Não durou 1 minuto e lá estava o demônio em forma de gente sem a blusa e os sapatos. -Ficou surda? - ele perguntou indo fechar a televisão. -Até que enfim - me levantei do sofá e fiquei parada a sua frente - precisamos conversar. -O que deseja? - ele se afastou e sentou no sofá. -Desejo primeiramente que você diga que teve um péssimo dia. - ele arregalou os olhos e fiquei andando a sua frente falando o que dava na telha - Segundamente quero falar que não vou me submeter a você. - sorri de lado e parei para ver sua reação. Quando pensei que ele iria gritar, me chamar de louca ao algo assim ele apenas riu. O som que invadiu o ambiente me deixou enojada e quis que parasse imediatamente. -O que foi? Falei algo engraçado? - perguntei parado a sua frente e cruzando os braços na frente do corpo. -Isso tudo é porque disse que me amava? Acha que vai mudar algo porque me disse isso? - ele deu um sorrisinho de lados e passou os dedos nos lábios. -Não, isso tudo é porque percebi que quem manda nesse jogo sou eu. Quem vai perder se alguma coisa sair errado é você. - ele abriu a boca para falar, mas o mandei calar continuando com que estava dizendo - como estava dizendo, as coisas acontecerão do modo que eu quiser, sem mais submissão, sem mais nada, apenas eu e você de igual para igual. -Você está me desafiando? - ele perguntou se levando. -Estou, Liam Scott. - falei me aproximando mais dele - Eu não tenho mais medo de você. Liam começou a rir e foi andado em direção ao quarto. Ele parou na entrada e olhou de novo para mim rindo. -Você está louca - ele disse. -Não estou não. Você sabe que pode sair perdendo muito mais que eu nesse jogo. Eu posso voltar pra Pensão ou para o meio da rua ou para o diabo a quatro, mas você... - apontei pra ele - vai virar mico nacional. Vai ser conhecido como o merdinha que não consegue ter nenhuma mulher por mérito e tem que pagar para fingir um relacionamento. Vai ser a decepção da sua avó e, provavelmente, vai perder a presidência. -A mulher seria você? - ele perguntou levantando uma sobrancelha. -A mulher seria eu sim, aquela que dormiu no seu quarto, aquela que você se preocupou em comprar água de coco quando precisava se hidratar, aquela que conheceu seu refúgio.. -CALA A BOCA - ele gritou vindo em minha direção - cala a porra da sua boca. -Não, Liam. - eu o encarei - Não vou ficar mais calada. Eu não tenho nada a perder com tudo isso, você mesmo vive dizendo que ninguém liga pra mim e etc, pois bem... isso agora está se tornando uma vantagem. Ele esmurrou a mesinha que tinha ali e começou a andar de um lado para o outro. Seus olhos estavam vermelhos de ódio e eu me senti satisfeita de ter provocado isso. -Acho melhor você se acalmar - falei dando uma respiração lenta - você não vai querer que os empregados escutem a nossa briga. -Você está passando dos limites - ele ficou na minha frente - vou dar uma lição nessa sua boca até você se arrepender de toda merda que falou. -Não vai não - falei calmamente - se fizer isso eu vou gritar. -Vai é porra. Liam me segurou com força pelo braço e tapou minha boca com a mão. Ele me arrastou até o sofá e me joga nele sem a menor cerimônia. -Agora tá calada, né? Ajoelha - ele ordenou e fiquei parada o olhando - ajoelha - ele repetiu e meu corpo começou a tremer. Não deixe que ele faça isso com você, minha consciência me falou. Fechei meus olhos procurando alguma coisa ou atitude que o fizesse parar. Senti um puxão em meu cabelo e quando percebi estava de joelhos na sua frente. Liam estava com um sorriso forçado e senti pena de mim, mas senti mais pena dele por fazer esse tipo de coisa. -Se você puxou ao seu pai - ele parou e me olhou - eu percebo o motivo da sua mãe ter ido embora. Liam se assustou e começou a balançar a cabeça bem rápido andando para trás. Aproveitei o momento e fiquei de pé o encarando... começou, agora termina. -Eu tenho pena de você por ser tão fodido. É um homem que bate em mulher e não consegue nada com palavras doces, apenas com ameaças. Como é se sentir um lixo? Como é saber que todos a sua volta não sabem realmente quem você é? Como é saber que seu amigo te traiu na primeira oportunidade? Como é saber que nada que você vive é realmente real? Liam ficou parado com olhos arregalados me olhando. Meu coração me mandou parar e ir embora antes que seja tarde, minha consciência me mandou falar tudo que eu queria falar e eu... bem, eu obedeci quem era a cabeça da história. -Depois que tudo isso acabar eu vou embora - falei me aproximando dele - vou encontrar alguém que me ame e serei feliz. Você nunca vai encontrar alguém que te ame porque isso é doentio. Te amar é o mesmo que querer sofrer. Hoje você está bem, mas amanhã você está mal. Quem vai querer uma pessoa bipolar e sem coração pro resto da vida? -Você me ama - ele falou tentando controlar sua voz tremula. -Não - eu comecei a ri ironicamente - paixão é diferente de amor. Eu estou sentido isso porque estou só, carente e, apesar de tudo, você é o único que me faz ter algum tipo de sentimento. Não gosto de você por causa de A ou B. Gosto simplesmente porque não tenho outra opção, se fosse outro no seu lugar provavelmente eu estaria gostando também. Tanto faz que esteja do outro lado... -Vá embora. - ele falou se encostando na parede mais próxima. -Não vou não, você sabe disso. - me encostei próxima de seu corpo - Descobri que gostar de você é uma doença e eu vou querer me curar dela - falei por fim. Me afastei calmamente, mas todos os pelos do meu corpo estavam em alerta. Fiz uma nota mental de tudo que tinha dito e me arrependi de não ter falado muito mais. Entrei em meu quarto trancando a porta e adormeci. -------------------- gente, próxima postagem vai ser capítulo mesmo, por isso vai demorar um pouquinho!!! Lembrando que Mia é uma pessoa boa e vai difícil faze-la falar e ferir os sentimentos de alguém. Sua vingança vai ser um pouco sofrida: para ambos.
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